quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A ROTINA DE VAZAMENTO DO ENEM.

“Há mais pessoas que desistem do que pessoas que fracassam”.

(Henry Ford)

A mídia amestrada e o INEP, sugestiva abreviatura que materializa na sua sigla a total INÉPcia do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, relatam apenas problemas de erros de impressão num dos cadernos das provas realizadas no dia seis de novembro. A quebra de sigilo sobre o tema da redação só veio a público graças à coragem e a determinação de jornais independentes como o Estadão. Até quando os estudantes brasileiros serão enganados por exames cujas autoridades se mostram totalmente incapazes de garantir o sigilo. O ENEM, uma iniciativa extremamente válida, vem acumulando desde a sua criação, uma sucessão de vazamentos e falhas que expõem ao Brasil e ao mundo a incompetência e a falta de ética de uma sociedade e de um governo que perderam, há muito, a noção do dever, da dedicação e da honra.

Pais corruptos, omissos e coniventes ao justificar suas violações ou a de seus filhos, expõem as vísceras de uma coletividade enferma. As agressões gratuitas promovidas, em São Paulo, por jovens da classe média alta chocaram o país. A cena da desvairada e irresponsável mãe justificando a atitude de seu “filhinho”, que atacou um rapaz com lâmpadas fluorescentes, estarreceram e revoltaram a todos os cidadãos de bem do país. A falta de limites e a certeza de impunidade de quem pode contar com bons advogados são responsáveis pela virulenta falta de consciência e responsabilidade que se alastra por nossa pobre nação.

O ‘TER’, hoje, tornou-se mais importante do que o ‘SER’. Muitos desses “deficientes morais” desconhecem a necessidade de se respeitar o próximo e de aprender e amadurecer com as derrotas. Fracassar perante intricados obstáculos tem muito mais valor do que alcançar sucesso frente a vitórias fáceis. O importante não é se chegar ao topo ou alcançar a vitória, mas o que se fez para lá chegar.

- Nota do INEPto

O INEPto, em nota oficial, continua insistindo em considerar válidas as provas apesar dos novos fatos.

“O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira comunica que as novas provas de Ciências Humanas e Ciências da Natureza, para os alunos que foram prejudicados por erros de impressão nas provas realizadas no dia 6 de novembro passado, serão realizadas no próximo dia 15 de dezembro às 13 horas. Informa ainda que segue o trabalho de análise e reanálise das 116.626 atas dos locais de prova, com o objetivo de identificar os estudantes que, por algum motivo, não tenham substituído as provas com problemas de impressão. Foram identificados, até o momento, 2.817 estudantes, menos de 0,1% do total”.

- PF Quebra Sigilos e Refaz Roteiro de Vazamento do ENEM

O Estadão - 24 de novembro de 2010.

Candidato de Petrolina (PE) soube do tema da redação pelos pais, de Remanso (BA); a mãe dele trabalhou na aplicação do exame.

“A Polícia Federal (PF) em Juazeiro (BA), a 502 quilômetros de Salvador, quebrou sigilos telefônicos e teve acesso a arquivos de computador para traçar o roteiro do vazamento do tema de apoio à redação do Enem, no dia 7 deste mês. Eram cerca de 10 horas (horário local) quando a professora de Remanso (BA) Marinilde de Brito Affonso, aplicadora do exame para deficientes visuais no Colégio Ruy Barbosa, abriu a remessa de caderno de provas na presença de sete fiscais. A orientação do Inep, órgão responsável pelo Enem, era de que a conferência do material só fosse feita a cinco minutos do início do exame - às 11h55, no horário local. A checagem das provas deveria ser registrada em ata, o que não ocorreu.

No depoimento em que confessou o vazamento, Marinilde disse à PF que ligou para a casa de sua sogra e repassou ao marido, Eduardo Ferreira Affonso, o tema da redação como sendo ‘trabalho e escravidão’. Mas o título era de um texto de apoio, pois o tema efetivo do exame era ‘O trabalho na construção da dignidade humana’. 10h06. Eduardo começa a pesquisar sobre o assunto ‘trabalho e escravidão’ na internet. Às 10h17, ele liga para o filho Eduardo Ferreira Affonso Júnior, de 21 anos, que faria a prova em Petrolina, no sertão do São Francisco, a 769 quilômetros de Recife. O pai explica a Júnior sobre o vazamento do tema sem contar como soube da informação. O relógio marcava por volta de 11h quando Júnior pediu ajuda a professores do cursinho Geo Petrolina Pré-Vestibular para desenvolver a redação caso fosse sobre trabalho e escravidão. Ele disse aos docentes que o tema havia vazado em São Raimundo Nonato (PI) e ele havia sido informado. O boato se espalhou e outros candidatos recorreram aos professores de português Marcos Freire, Ramón Bandeira e Diego Alcântara.

Depois da prova, os professores deram entrevista a emissoras de rádio e televisão locais informando sobre a possibilidade de vazamento. A PF instaurou inquérito e, após dez dias de investigação, concluiu pela culpa do casal Marinilde e Eduardo. Eles foram indiciados por violação de sigilo funcional e podem ser punidos com 6 anos de prisão. O filho teve a prova cancelada pelo MEC”.

Hiram Reis e Silva

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