A Gazeta
Tentar entender e propor soluções para saúde apenas pela avaliação da urgência e emergência sempre induzirá a um raciocínio superficial e sujeito a equívocos. Diferentemente da Europa que, desde os anos 20, organizava a saúde pela lógica do cuidado integral, passamos o século XX focando na cura das doenças, tratadas quando os sintomas já estão graves.
O SUS incluiu milhões de brasileiros antes desassistidos e trouxe novas demandas para uma estrutura arcaica. O programa Saúde da Família que inclui, não soluciona os 80% de problemas de saúde como esperado. Vem daí a sobrecarga dos hospitais que, subfinanciados, reduziram a oferta de serviços ao longo dos anos 90.
No Espírito Santo não foi diferente. Nossos hospitais estagnaram e fecharam leitos na década de 90 e início desta. Somente a partir de 2004 houve gestão para, ao mesmo tempo, ampliar os serviços hospitalares e dar mais resolubilidade à Atenção Primária à Saúde (APS). Estas diretrizes, cujos frutos começamos a colher agora, foram conduzidas em sintonia com Conselho Estadual de Saúde e gestores municipais.
Resolvemos, de forma ousada, implantar a Rede de Urgência e Emergência, enfrentando as três principais causas de morte precoce: o trauma, infarto e o AVC. Criamos condições para, entre outros, implantar 150 leitos intensivos, ampliar o Hospital Estadual Materno Infantil em Vila Velha, de 13 para 130 leitos, expandir o Hospital Estadual Roberto Silvares, em São Mateus, e abrir 40 vagas para paciente crônicos no Hospital Estadual de Atenção Clínica, em Cariacica.
Por decisão coletiva e empenho da Secretaria, inauguramos o Hospital Estadual Central, nossa primeira experiência com organizações sociais. Em dez meses, foram 2.252 cirurgias, antes não disponíveis no sistema, com 94% de aprovação pelos pacientes, e será o primeiro hospital público acreditado no Espírito Santo. E ainda os novos Dório Silva e São Lucas, que, somados, terão 200 leitos UTI.
Entretanto, essas iniciativas são insuficientes sem uma APS resolutiva. Em 2010, dos 271 mil acolhimentos com Classificação de Risco nos prontos-socorros, 136 mil (50%) pacientes poderiam ter ido às unidades de saúde. Parte significativa das solicitações de leitos à Central de Internação é de pacientes que não continuaram o tratamento após a alta hospitalar.
Neste contexto, o governo do Estado e municípios iniciaram o fortalecimento da APS. Estão sendo construídos e equipados: 66 Unidades Saúde da Família, 15 Centros de Tratamento ao Toxicômano, mais quatro prontos-atendimentos. Como infra-estrutura não é tudo, 3.400 profissionais dos municípios frequentam pós-graduação em APS. Em dezembro próximo, os 78 municípios concluem o Plano Diretor da Atenção Primária, que indicará as ações prioritárias e a alocação de recursos municipais e estadual.
É consenso entre gestores do Estado que avançamos, e as atuais diretrizes devem nortear a continuidade do trabalho. Apesar do muito que foi feito, os acidentes de trânsito, as doenças crônicas e o financiamento são exemplos de desafios para gestores públicos e privados em todo o mundo. A nova gestão estadual encontrará condições favoráveis para agregar outros benefícios à população, uma grande vantagem em relação ao contexto encontrado há oito anos.
Francisco José Dias é médico sanitarista e subsecretário Estadual da Saúde
Ações e resultados como esses, por mais críticas que possam receber quanto a modelos ou resultados, devem ser divulgados amplamente para que o debate sobre novas soluções para velhos problemas no SUS se dê com melhor qualidade e maior envolvimento de todos. Oportunamente gostaria de debater sobre o modêlo de gestão. Um grande abraço!
ResponderExcluirNós do Paraná, precisamos com urgencia que sérias providencias sejam todas para salvar o pouco que resta da Saúde Pública no interior do estado.
ResponderExcluirParabenizamos atitudes como essas e gestores que competentes, demonstam boa vontade e amor ao seu trabalho.