O PSDB disputou a eleição presidencial de 2010 com o quadro político que considerava o mais preparado do campo oposicionista: José Serra, ex-governador de São Paulo. A briga foi para o segundo turno. Houve um momento em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva achou que Dilma Rousseff poderia perder. Mas a oposição fracassou.
Será que ela terá em 2014 mais chance do que neste ano? Apesar da precariedade de uma previsão com tanta antecedência, há fatores que indicam que a tarefa da oposição em 2014 será mais dura do que em 2010.
A chance de sucesso crescerá na mesma proporção do insucesso de Dilma. Na economia, existem algumas nuvens carregadas no cenário internacional. Dilma tende a contar com um vento internacional menos favorável do que Lula.
Mas o país é outro. O Brasil atravessou a crise mundial de 2008/2009 graças ao mercado interno, que se transformou no motor da nossa economia. Isso não vai desaparecer nos próximos quatro anos. Pelo contrário, vai crescer.
Se Dilma avançar no combate à miséria e aumentar o tamanho da nossa nova classe média, terá um cenário econômico interno favorável daqui a quatro anos. A presidente eleita precisará errar muito a mão para produzir um desastre econômico. Não parece provável.
Senador eleito por Minas, Aécio Neves é hoje o nome mais forte do PSDB para disputar a Presidência em 2014. Mas qual será o discurso?
Fernando Henrique Cardoso não endossará mais uma candidatura que não defenda as realizações tucanas entre 1995 e 2002. Aécio parece propenso a olhar mais para o futuro do que para o passado. O mineiro tem uma relação dúbia com Lula --morde e assopra. Serra tentou esse caminho no início da campanha eleitoral. Batia no PT, mas elogiava Lula. Não deu certo. Depois, fez críticas mais duras ao presidente. Também não deu certo. Aécio seguirá qual trilha, a de uma oposição light ou de desconstrução do lulismo?
Outros complicadores: Aécio enfrentará três fantasmas nos próximos anos.
Se Dilma for bem no governo, deverá concorrer em 2014 como presidente. Em nossa curta experiência com o expediente da recondução presidencial, o ocupante do Palácio do Planalto teve sucesso quando pediu um segundo mandato. FHC e Lula não tombaram no meio do caminho. Muito difícil, portanto, um presidente bem avaliado não ser reeleito.
Se o governo Dilma estiver mal das pernas, haverá Lula. Obviamente, ele será cobrado por um eventual decepção com a presidente. Mas a força que possui hoje autoriza a conclusão de que, se quiser disputar novamente a Presidência, Lula seria um candidato muito forte.
E tem ainda Marina Silva, do PV. O bom desempenho na eleição de 2010 poderá ser repetido em 2014. Os sinais são de que exercerá oposição a Dilma. Logo, competirá na mesma faixa do PSDB. Em relação a Aécio, Marina terá a vantagem de já ter disputado uma eleição presidencial e nacionalizado seu nome. Com sua guinada ao centro, o PT empurrou o PSDB para a direita. Marina pode empurrar o partido ainda mais nessa direção.
Aécio, portanto, seria um candidato fraco? Nada disso. Ele foi um dos grandes vencedores de 2010. Fez o sucessor, Antonio Anastasia, no governo mineiro. Elegeu o ex-presidente Itamar Franco (PPS) na outra vaga ao Senado. Hábil e jovem, é um político com futuro. No entanto, seus desafios não são pequenos.
Agito no ninho
No PSDB, Aécio Neves tem armadilhas a desarmar. Publicamente, está dando corda à possibilidade de o senador Tasso Jereissati, que não se reelegeu no Ceará, vir a presidir o PSDB. Nos bastidores, já sugeriu a FHC assumir essa posição. O ex-presidente hesita. Por ora, FHC aceitou liderar um time para reescrever o programa partidário.
O destino de Serra incomoda alguns dirigentes do PSDB. A hipótese mais plausível é a de uma candidatura a prefeito de São Paulo em 2012. Aécio é contra a ida de Serra para a presidência da legenda. Crê que sinalizaria uma tentativa de terceiro turno contra Dilma.
O mineiro está preocupado com o futuro do PSDB paulista. Após o fracasso de Serra, o governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin, tende a aglutinar o apoio dos que não querem a candidatura de Aécio em 2014. Alckmin pode ser considerado carta fora do baralho na disputa presidencial? Alguns tucanos dizem que não.
Implosão partidária
O DEM terá candidato próprio ou será coadjuvante de um tucano mais uma vez? Prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab tenta, simplesmente, acabar com o partido ao pregar uma fusão com o PMDB. Aécio contará com os democratas ou com o que sobrar do partido nos próximos anos?
Cavalo selado
Tem gente no PMDB que considera que Aécio perdeu uma oportunidade de ser candidato a presidente quando Lula ainda não tinha certeza sobre Dilma e cogitava apoiar um peemedebista como saída de emergência. Convidado a entrar no PMDB, o tucano não quis deixar seu partido. Preferiu correr risco no PSDB.
Kennedy Alencar
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