domingo, 14 de novembro de 2010

REZANDO PRA XANGÔ, O ENEM 2011 IRÁ BEM

Nosso Guia disse bem a respeito da catástrofe do Enem: "Se for necessário fazer uma prova, faremos. Se for necessário fazer duas, faremos. Se for necessário fazer três, faremos, mas o Enem continuará a ser fortalecido".


No seu sentido literal, Lula fez mais uma bravata. O Inep e seus educatecas não têm capacitação para organizar uma prova, muito menos três. Para fortalecer o Enem, a doutora Dilma precisa aprender a lição: um MEC de burocratas-companheiros que mandam "A" fazer uma coisa, sabendo que disso resultará uma ordem para "B" e outra para "C", só produzirá novos desastres.

O MEC comprou a aposta do fracasso em abril do ano passado, um mês depois de lançar o Enem/Vestibular, quando anunciou que só realizaria uma prova. Prometera duas. Os educatecas sabiam que com isso mantinham os estudantes sob a velha tensão do vestibular. Se as provas fossem duas, a tensão seria diluída. Esqueceram-se de que concentravam a probabilidade do próprio fracasso.

À época, disseram que em 2010 as provas seriam duas. Recuaram e repetiram o erro.

Para apressar a prova de 2009, o Inep reduziu todos os prazos de elaboração e impressão das provas. Neste ano, apressaram o treinamento dos fiscais.

Em maio do ano passado, o MEC disse que a Polícia Federal cuidaria da segurança do exame. Isso foi feito à la educateca: o Inep mandou um ofício à PF, recebeu de volta outro, informando que ela não estava capacitada nem autorizada para a tarefa. Em vez de ligar o alarme, arquivaram o ofício da PF.

Nenhum dos dois exames naufragou por conta de orientações pedagógicas. Todas as ruínas decorreram de erros logísticos, porque "A" (o MEC) deu uma ordem para "B" (o Inep), que contratou "C" (os consócios Connasel e Cespe/Cesgranrio), e todos acharam que o assunto estava resolvido.

O erro básico de 2009 foi o abandono da segunda prova. Agora, juntaram outro, que continua encravado. A realização da prova em papel é arriscada, megalomaníaca e anacrônica. Se o MEC e o Inep começarem a trabalhar amanhã, em 2011 poderão ser realizados no mínimo dois exames, on-line. Basta copiar o sistema do exame TOEFL americano e expandir o banco de questões de 10 mil para no mínimo 100 mil.

Para isso, será necessário seguir a "oração pra Xangô" proposta por Carlos Lyra e Vinicius de Moraes:

"Pra pôr pra trabalhar gente que nunca trabalhou".

Elio Gaspari

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