Depois de dois mandatos consecutivos como deputado estadual, o tucano César Colnago se prepara para assumir uma vaga na Câmara dos Deputados. Eleito com 80.728 votos, o parlamentar tem em seu currículo uma trajetória marcada pela correta utilização do dinheiro público, eficiência e transparência dos atos.
Ao contrário de muitos políticos que, logo após as eleições, já se mostraram a favor da volta da CPMF, o deputado é radicalmente contra o tributo e garante que fará uma oposição coesa na vigilância dos atos do governo a partir do primeiro dia do seu mandato
- Apesar de não ter vencido as eleições presidenciais, José Serra venceu no Espírito Santo. A que o senhor atribui este resultado?
Com 50,83% dos votos, Serra foi vitorioso em Vila Velha, Castelo, Colatina, Vitória, Cachoeiro, Linhares, dentre outros. Essa virada no resultado em relação ao primeiro turno corresponde a um recado firme dos capixabas pelo desprezo do governo do PT em discriminar o Espírito Santo nos investimentos federais.
Vale ressaltar que ele Serra só não venceu numa cidade administrada pelo PT (Cariacica) confirmando que a população reprova o modo petista de se conduzir os investimentos e os recursos em obras e serviços essenciais, principalmente em nossa capital, Vitória.
- Como o senhor avalia esses quatro anos de trabalho como deputado estadual? Quais foram as maiores conquistas e teve algo que lamenta não ter concretizado?
Se me permitir gostaria de fazer um rápido balanço dos dois mandatos consecutivos como deputado estadual, inclusive quando estive à frente da presidência da Assembleia Legislativa do Estado, entre 2005 e 2006. Nesse período adotamos medidas que representaram um verdadeiro choque de austeridade na administração do Legislativo capixaba. Ações como a redução de custos de telefonia, xerox, combustíveis, viagens, o fim do nepotismo e a realização de concurso público. Fizemos uma gestão marcada pelo compromisso com a correta utilização do dinheiro público, a eficiência e transparência dos atos.
Coloquei essa política de austeridade em prática com a economia de gastos públicos e devolução ao Estado de recursos da ordem de R$ 6 milhões. O dinheiro economizado voltou à sociedade para ser investido nas áreas de interesse social como saúde, segurança pública e geração de emprego e renda.
Combatemos a corrupção e o crime organizado com tratamento rigoroso. Foram enviados à Receita Federal e Ministério Público 100 caixas de documentos contendo 4,5 mil processos da chamada “Era Gratz” no Legislativo Estadual. Articulei a aprovação do pacote ético tributário que extinguiu privilégios e fraudes na legislação tributária.
Na área cultural, realizamos a restauração de obras de arte e do livro de registro de posse dos governadores do Estado, a inauguração do Monumento ao Negro, a criação do Centro de Memória, hoje com milhares de fotos em arquivo, além de patrocinar inúmeras manifestações culturais na ALES.
Outra mudança importante foi a forma de relacionamento com o público. Através de parcerias, promoveu inúmeros projetos como o Pacto pela Paz, o Futuro do Trabalho no Espírito Santo e Competitividade das Micros, Pequenas e Médias Empresas visando simplificar a legislação do setor.
No atual mandato, através de uma proposição minha a Secretaria de Educação decidiu implantar na rede de ensino público, o programa “Cantina Saudável”, que melhora a alimentação escolar dos estudantes de escolas públicas capixabas.
Apresentei projeto de lei que cria a Política Estadual do Livro e da Leitura que tem como objetivo estimular o desenvolvimento cultural, a criação artística e literária, reconhecendo o livro como instrumento para a formação educacional, a promoção social e a manifestação da identidade cultural do Estado. O projeto pretende estimular a produção dos autores capixabas.
Fui autor da lei que disciplina o funcionamento dos estabelecimentos e academias que ministram atividades físicas, desportivas, artes marciais e dança, obrigando a presença de um professor de Educação Física no local; da revogação da lei que permitia o funcionamento da Loteres acabando com a jogatina e contravenção em casas de bingos e de exploração de máquinas caça-níqueis; criei a Comenda “Juiz Alexandre Martins de Castro Filho” para homenagear pessoas que se destacam na luta contra o crime organizado;
Fui autor de um projeto combate ao Bullying nas escolas públicas e particulares do estado que foi aprovado na Assembleia Legislativa que, posteriormente, recebeu um veto inexplicável do Executivo que mais inexplicavelmente foi mantido pelos deputados. O Espírito Santo, ao contrário de outros Estados, perdeu uma grande oportunidade de dar resposta a esse fenômeno de violência, o que me deixou frustrado. Mas, vou trabalhar em Brasília para aprovação de uma lei federal contra esse fenômeno social de forma mais ampla, ou seja, não só nas escolas, mas nos locais de trabalho também onde não são incomuns ocorrências de bullying.
- Deixando o cargo de deputado estadual, assumirá a sua vaga na Câmara dos Deputados. Quais serão suas prioridades como deputado federal?
Na campanha assumi publicamente um compromisso com a ética (meu slogan na ocasião foi Política com Ética) e também que colocava meu nome ao crivo do eleitor para ser uma voz ativa dos capixabas em Brasília, sobretudo contra essa discriminação orquestrada contra nosso Estado na questão dos investimentos federais.
Minha luta terá como foco tirar o Espírito Santo das gavetas da Esplanada dos Ministérios e da própria Presidência da República. Mas serei também uma voz ativa contra essa gulodice desmedida do Governo por aumento de impostos sacrificando, indistintamente, empresários e trabalhadores, os contribuintes em geral.
Vou me pautar por um Brasil mais próspero e decente, respeitado lá fora, justo dentro de suas fronteiras. Um País onde possamos andar sem medo e não faltem aos nossos jovens condições básicas de saúde, educação e oportunidades de trabalho. Um país que estimule o crescimento de quem gera emprego e reduza a pesada e injusta carga tributária que afeta a todos seus cidadãos.
Vamos trabalhar para a efetivação de pelo menos três grandes reformas: a política, que deve ser a reforma das instituições políticas, criando uma nova forma de se exercer a democracia com mecanismos de participação da sociedade, ampliando os espaços de cidadania e não apenas mudando a cada eleição as regras do sistema eleitoral; a reforma tributária, para estabelecer um sistema mais justo, equilibrando a distribuição de recursos entre União, estados e municípios.
O sistema tributário atual faz com que quem ganha menos, contribua mais e quem ganha mais, contribua menos, finalmente, a reforma trabalhista, pois a CLT precisa ser enxugada e simplificada, pois onera o custo da produção dificultando a criação de empregos. É preciso adequá-la à atual realidade.
- Sua vitória nas urnas também é a vitória tucana no Espírito Santo. Isso aumenta a responsabilidade?
O eleitor na sua sabedoria nos brindou com essa oportunidade de fiscalizar os governos federal e estadual. E vamos desempenhar essa tarefa que nos foi delegada com muito empenho e responsabilidade, pois a nós da oposição não interessa a derrocada do Brasil e do Espírito Santo. Desejo firmemente que a gestão da Dilma Roussef cumpra com suas promessas e respeitem o trabalho da oposição que pode contribuir muito para que não prosperem a corrupção, o loteamento de cargos desqualificando a função pública, o desperdício dos gastos, etc.
Hoje o meu mandato representa, além dos 80.728 votos que recebi honrosamente nos 78 municípios capixabas, os quase 1 milhão de eleitores que votaram no projeto de José Serra para o Brasil.
No plano nacional os dois principais partidos da oposição – PSDB e Democratas – saíram fortalecidos das eleições estaduais. A partir do próximo ano, as duas legendas governarão dez unidades federativas, que concentram mais da metade do eleitorado brasileiro – 52% ou o equivalente a 70 milhões de eleitores.
O PSDB foi o principal vencedor nos estados – com oito vitórias – e terá, a partir de janeiro, quase metade do eleitorado sob sua administração – 64,5 milhões, ou 47,5% do total. O PSDB sai das eleições maior do que entrou e isso aumenta nossas responsabilidades para conduzir uma oposição firme, responsável e em defesa dos mais elevados interesses nacionais.
- Já foi sinalizado que a CPMF pode voltar a partir do ano que vem. A maioria das autoridades políticas que discordam do retorno do imposto é composta por tucanos. E o senhor, como vê isso?
Quando vi o Lula destilar seu ressentimento com a oposição pela derrubada do famigerado imposto do cheque escrevi no Twitter que ele estava dando a senha para criar o clima de se voltar com esse absurdo. Confesso que fiquei espantado que na, mesma entrevista, vem a Dilma na sequência com aquela conversa dissimulada de que teria ouvido qualquer cobrança de governadores.
Pensei comigo: Ela terá que apontar quem. Mas, não foi preciso, pois imediatamente apareceram governadores do PSB fazendo o jogo de cena teatral. Fui o primeiro a registrar no Twitter meu estarrecimento afirmando que aquilo era um estelionato eleitoral.
Acabamos de sair da eleição em que os dois candidatos falavam em redução da carga tributária. Não se discutiu isso na campanha. É uma mudança em menos de uma semana. Sou radicalmente contrário ao imposto por não ver a necessidade de criação de novas formas de arrecadação.
O País está crescendo, a economia está em desenvolvimento e os recursos estão aumentando. Como solução para a área da Saúde, que ainda enfrenta sérios problemas no país, é a melhor distribuição dos recursos já arrecadados. Precisamos melhorar o financiamento, o que não significa mais impostos. O correto é pegar o que se tem e destinar, dentro de uma regulamentação da Emenda 29, que está parada há 10 anos no Congresso, para a Saúde.
Sou contra a cobrança de mais impostos e isso foi uma dos meus compromissos de campanha. E vamos articular uma mobilização nacional sem precedentes porque podemos esperar muito pouco do Congresso Nacional, onde a base governista é majoritária nas duas Casas. Só o povo salva o povo desse confisco, dessa goela profunda do governo federal.
- Como oposição, quais serão os maiores desafios a serem enfrentados em Brasília, na sua opinião?
Já estamos trabalhando para manter a oposição coesa na vigilância dos atos do governo a partir do primeiro dia de mandato. Não tem essa de dar trégua de 100, 200 dias, pois não se trata de um novo governo que está se instalando, mas o mesmo do mesmo, principalmente considerando que a presidenta eleita era ministra e, como dizia sua propaganda, coordenava todos os ministérios, todas as obras, todos os programas.
- Na sua opinião, quais são os maiores desafios que o Brasil irá enfrentar nos próximos quatro anos?
A Dilma Rousseff se elegeu na sombra de Lula. Hoje se especula a imprensa internacional especula se ela será o “Lula de batom”. Como alertou o Serra, ela é um envelope fechado, pois pouco se sabe de suas ideias, de seus propósitos, de suas estratégias. Tudo isso terá de ser testado agora, ao longo do exercício do mandato, pois ela também deixou pelo caminho um rastro colossal de promessas que já estão sendo deixadas de lado como é o caso de não aumentar a carga tributária. O Brasil precisa realizar as grandes reformas e fazer uma intervenção cirúrgica nas áreas da saúde, da segurança e também da educação.
- O que os capixabas podem esperar da sua atuação na Câmara?
Muito trabalho em defesa dos valores do povo brasileiro como a defesa da democracia, da liberdade de expressão e de imprensa e pelo respeito aos direitos humanos. Vamos nos empenhar para romper com essa discriminação nos que diz respeito aos investimentos federais que os capixabas têm direito porque somos a quinta economia nacional contribuindo muito para a riqueza e desenvolvimento do país e não sendo reconhecido por isso ficando na lanterna dos investimentos
Nenhum comentário:
Postar um comentário