Dom Décio Sossai Zandonade
Natal é a festa mais "sentida" pelo povo cristão. Sentida, não "entendida" porque o mistério pode ser sentido, curtido e carpido pelo homem. Mas, entendido, nunca. Jesus nasce criança, Deus faz-se homem, o Verbo se torna carne. "Deus se fez homem para que o homem se fizesse Deus", diz Santo Agostinho. "Reconhece, ó cristão, a tua dignidade", afirma São Leão Magno, na homilia da festa de Natal. Toda a liturgia, neste dia, gira em torno da categórica afirmação de Paulo a Tito: "Apareceu a bondade de Deus, nosso Salvador, e o seu amor para com os homens". E os homens de boa vontade colheram logo a alegria da bondade de Deus.
O comércio se enfeita. As famílias se reúnem. Tudo é Natal! A alegria se estampa no rosto de todos, desde o garoto, que contempla extasiado a vitrine para ele inalcançável, até ao velhinho vovô que faz sorrir os netos com pacotes coloridos e bombons nunca vistos. É Natal!
A nós, cristãos, toca testemunhar o Natal mais com a meditação profunda do Mistério e com a solidariedade do que com distribuições que ficam só no tempo estreito de festas de fim de ano. "A paz na terra aos homens de boa vontade" é a nossa esperança e utopia. A gruta de Belém inspira e respira paz nos corações. Não foi em vão o presépio foi imaginado por Francisco de Assis, o santo que mais se aproximou da pobreza extrema da gruta de Belém.
Cada personagem do presépio, desde os anjos aos pastores, são modelos de vida cristã. No centro, está Jesus-criança, o Salvador esperado por toda a humanidade. Ao lado, José, o justo, simboliza o cristão escondido e fiel. Maria resume em si tudo que existe de maternidade, pureza, disponibilidade. Os pastores, o povo humilde. Os anjos, a transcendência da nossa fé.
Jesus nascendo pobre faz brilhar o olhar das crianças, derrete os corações endurecidos, alvoroça os anjos no céu, revoluciona os caminhos na Terra. É maior quem se faz menor e servidor de todos. Ganha quem sabe perder. Vive quem sabe morrer. O Natal pede simplicidade, ternura, fraternidade.
A festa de Natal tem algo de mágico. Faz ressuscitar em nós a saudade do bonito, do verdadeiro, do bem. Por mais que o mundo tente hoje apagar no coração das pessoas a presença de Deus ou inventar um Deus mágico e acomodado a uma sociedade de consumo, o verdadeiro Deus se apresenta na pobreza de um presépio, como uma criança, e na loucura de uma Cruz.
Aproveito para desejar um feliz Natal para todos e agradecer a Deus por quantos e quantas que, nestes últimos tempos, têm ajudado nosso Estado do Espírito Santo.
Dom Décio Sossai Zandonade é bispo da Diocese de Colatina
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