Um constatação preocupante, “25% dos registros no Brasil não consta o nome do pai”e pensando nas causas, cheguei a conclusão que talvez a mais importante seja a gravidez na adolescência. Vejamos : Desde 1970, tem aumentado os casos de gravidez na adolescência e diminuído a idade das adolescentes grávidas. Segundo os dados do IBGE, desde 1980 o número de adolescentes entre 15 e 19 anos grávidas aumentou 15%. Só para ter idéia do que isso significa, são cerca de 700 mil meninas se tornando mães a cada ano no Brasil. Desse total, 1,3% são partos realizados em garotas de 10 a 14 anos.
Já não causa tanto espanto sabermos que meninas de 10, 11, 12 anos tenham vida sexual ativa, assim como aparecem em consultórios portando alguma doença sexualmente transmissível (DSTs) e ou grávida. As principais causas da gravidez são: o desconhecimento de métodos anti-concepcionais, a educação dada a adolescente faz com que ela não queira assumir que tem uma vida sexual ativa e por isso não usa métodos ou usa outros de baixa eficiência (coito interrompido, tabelinha) porque esses não deixam "rastros".O uso de drogas e bebidas alcóolicas comprometem a contracepção, além das que engravidam para casar-se. A degradação da família, prostituição infantil, abandono religioso(as igrejas hoje se preocupam mais em vender discos e cobrar dizimos), falta de projetos de vida e falta de perspectivas futuras são causas que não podemos ignorar.
A mídia é outro vilão nessa questão, exagerando na erotização do corpo, algumas pessoas que são vistas na passarela, revista, cinema e televisão são para os adolescentes verdadeiros ídolos, ídolos esses que passam uma imagem de liberação sexual, e a tendência de um fã é sempre copiar o que seu ídolo faz.
Geralmente é uma gravidez não programada, que surpreende nossas meninas na fase mais bonita de suas vidas, interrompendo sonhos, discriminando-as na sociedade e muitas vezes provocando o abandono de suas famílias. O afastamento dos estudos é uma conseqüência que marcará sua condição de vida para sempre. O isolamento das amigas contribui para abaixar mais ainda a sua já combalida autoestima. O que é pior, por tudo isso, tende a esconder a sua situação e não procura assistência médica para o pré-natal, indispensável para a sua saúde e de seu filho, principalmente nesta faixa etária, colocando muitas vezes sua própria vida e a da criança em perigo , isso quando não recorre ao aborto, com seus riscos , traumas psicológicos e ilegalidade.
Quando é acolhida pela família, as conseqüências são reduzidas, embora a cobrança e o trauma vai acompanha-la para sempre, muitas vezes verá o filho criado pela mãe, o que modifica para sempre sua relação com o mesmo e cria a categoria filhos/netos.
O mais grave de tudo é a omissão do Estado diante desse grave transtorno social. A falta de uma política específica, a educação deficiente, sem escolas em tempo integral , o descaso do Programa de Saúde da Família que em tese seria o responsável por todas as ações em seu território de atuação , a falta de uma política nacional anti-drogas e o combate insuficiente à pedofilia e à prostituição infantil completam o fracasso do Governo no combate a essa tragédia nacional. Nossa taxa de nascimentos desses casos é de aproximadamente 30%, a pior da América Latina e se compararmos com taxas de 3 a 5% dos países desenvolvidos, nos faz cair na realidade sombria de nosso subdesenvolvimento.
Não podemos mais nos calar, não vejo a grande mídia atacar esse problema com o destaque que merece, não vejo a arrogância cotidiana do Presidente falar sobre o assunto, não vejo principalmente os Ministros de Saúde, de Educação e de Assistência Social divulgarem um plano com metas e datas definidas para resultados. A Sra Dilma Rousseff acaba de ser eleita, as promessas de campanha devem ser cobradas, precisamos de um compromisso , um programa, uma solução, uma prioridade para nossas meninas, afinal se um País não olha por suas crianças, vai olhar por quem?
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