Não se trata de um terceiro mandato de Paulo Hartung. Alguns partidos aliados já reclamam que ficaram, basicamente, com a periferia do secretariado. Não houve loteamento das pastas mais estratégicas. Do ponto administrativo, é um bom sinal. Politicamente falando, pode trazer alguma dor de cabeça para o novo chefe do Executivo, que resolveu apostar em profissionais reconhecidos em suas respectivas áreas, mas nem todos têm experiência de gestão. São nomes como Henrique Herkenhoff (Segurança) e Klinger Barbosa Alves (Educação) que vão ser testados no laboratório do novo governo.
O resultado prático dessa composição ainda é uma incógnita. Parte do mercado político parecia acreditar que a inflluência de Hartung seria maior, mas Casagrande, legitimamente, resolveu montar um governo para chamar de seu.
Esse estilo ficou claro quando ele decidiu adotar a tese do rodízio - que vem provocando incômodo em alguns parceiros. Neivaldo Bragato, braço direito de Hartung, "caiu" para a Cesan. É uma área com importância política e orçamentária, mas é segundo escalão. O governador não pediu, mas, apesar da propaganda que fez do desempenho de Haroldo Corrêa, ele não ficou na Educação. Foi oferecido o Banestes, mas há informações de que Haroldo não aceitou e não se sabe se permanecerá no governo.
Paulo Ruy, da turma hartunguista, ficou com Meio Ambiente. Vai cair na conta dele (e do grupo de Hartung), portanto, a missão de liberar ou não os grandes projetos industriais no Sul do Estado - decisão que pode provocar reações em segmentos que acompanham Casagrande há tempos. Márcio Félix continua com Desenvolvimento por conta de sua capacidade técnica. Ninguém melhor do que ele representaria os interesses do Estado quando o assunto é petróleo. Há dúvidas sobre a permanência de Anselmo Tozi na Saúde. Quanto a Ênio Bergoli, há informações de que ele pode continuar na Agricultura - pedido feito por Ricardo Ferraço (PMDB).
O partido de Casagrande, o PSB, está em postos estratégicos (Fazenda, Planejamento, Casa Civil), mas talvez não tenha alcançado o tamanho que gostaria, já que os nomes indicados são muito mais do governador do que da militância. O PMDB deve diminuir - a ele foi oferecida a pasta de Turismo. O PT negocia seu tamanho com ou sem a ida de Iriny Lopes (PT) para o secretariado. PR já se ajeitou com Esportes e o PDT deve ficar com Desenvolvimento Urbano.
O novo governador tem afirmado que busca um equilíbrio na representação partidária de sua equipe. Casagrande tem dito a colaboradores que vai prezar por uma gestão de resultados, e que seu objetivo é que a sociedade se sinta representada. Nesse aspecto, ele se aproxima de Hartung. Mas já vem deixando claro seu estilo e sua autoridade na composição da nova equipe.
2010 em 10 momentos
O ano está acabando, é hora de fazer balanços. Confira 10 momentos que marcaram 2010:
O drible - Veio do governador Paulo Hartung, que trocou a candidatura de seu vice, Ricardo Ferraço (PMDB), e apoiou Casagrande na disputa ao Palácio Anchieta.
A frase - "Fui corroído pelo fogo amigo", disse Ferraço, após ter sido driblado.
A lacaniana - A atual primeira-dama, Cristina Gomes, admitiu que a psicanálise teve influência na gestão do governador e disse que o texto "O mal-estar na civilização", de Freud, é importante na vida pública de Hartung.
O casal - A deputada federal reeleita Sueli Vidigal (PDT) e o prefeito da Serra, Sérgio Vidigal (PDT). Os dois aparecem envolvidos na Operação Em Nome do Filho e o Ministério Público Eleitoral tentou barrar a diplomação dela.
O prêmio - Em tese, eles foram punidos com a aposentadoria compulsória, mas a pena administrativa para os desembargadores denunciados pela Operação Naufrágio dá direito a salários de até R$ 24 mil por mês.
A canelada - O subprocurador-geral da República Carlos Vasconcelos. Ele disse que "só quem acredita em coelhinho da Páscoa" acha que alguém vai se punido criminalmente no Tribunal de Justiça do Estado por conta da Operação Naufrágio.
A revelação - Rodney Miranda (DEM), o delegado que comandava a Secretaria de Segurança com colete de Rambo, nunca foi candidato e virou campeão de votos na Assembleia Legislativa.
O 'pai' - Os R$ 50 mil na caixa de uísque enviados pelo bicheiro Pinguim, de São Paulo, para a então candidata Rita Gratz (PSL). Foi presente de campanha.
Nunca antes - A rica Prefeitura de Vitória vira o ano pela segunda vez devendo a credores, fez uma decoração de Natal cara, atrasada, de gosto duvidoso e ainda vai precisar rever contratos em 2011.
O cara - Renato Casagrande. Ele saiu do isolamento, conseguiu o apoio de Hartung e de 17 partidos e se tornou o segundo governador proporcionalmente mais votado do país.
Andréia Lopes.
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