domingo, 26 de dezembro de 2010

POLITICA CAPIXABA.

A seis dias de assumir o cargo político mais importante do Estado, o governador eleito Renato Casagrande (PSB) indica sinais de que será austero no trato das contas públicas. A aliados e segmentos da sociedade, ele avisa que se necessário pisará no freio dos investimentos, para evitar risco de desequilíbrio no caixa estadual. Essa será uma de suas primeiras prioridades após receber a faixa do governador Paulo Hartung (PMDB), no próximo sábado.


Haverá outras tarefas na pauta, claro. O novo governador instalará o Gabinete de Gestão Integrada da Segurança Pública, passará a discutir com mais força a eleição para a presidência da Assembleia Legislativa - que já estaria atrasado, segundo certas avaliações -, debaterá o planejamento estratégico de fevereiro e avançará nas conversas sobre os demais escalões.

Mas o secretariado que toma posse no dia 3 de janeiro já tem uma primeira missão: detalhar a situação financeira do Estado e dos contratos, especialmente os de obras. Uma reprogramação orçamentária não está descartada, mas o objetivo é evitar descontinuidade de obras e serviços.

Situações internas e externas mantêm o governador eleito e seus principais colaboradores em alerta. Internamente, há perspectiva de aumento do custeio, com os novos investimentos do governo e com os aumentos salariais dos deputados e nas carreiras do Executivo.

Na semana passada, o salário do próximo governador foi reajustado para R$ 18,6 mil e gerou um efeito cascata. Como esse valor é o teto salarial do serviço público no Executivo, outras categorias foram "premiadas": receberão o mesmo que o governador, porque seus vencimentos agregam gratificações e benefícios. Tudo isso aumenta as contas a pagar.

Mas Casagrande e a equipe também focam nos cenários nacional e mundial, que inspiram cuidados. Como se sabe, há indicativos de um repique inflacionário em 2011. E no exterior, a crise econômica não dá trégua. Em 2009, ela chegou por aqui como marola. Mas o país e o Estado podem não estar tão imunes da próxima vez.

Esse é o tema na ordem do dia do grupo que logo toma assento no Palácio Anchieta, portanto. São sinais de responsabilidade com o equilíbrio financeiro conseguido a duras penas no início do atual governo, após anos a fio de instabilidades e desorganização com as contas públicas antes de 2003.

O recado é particularmente importante para as prefeituras, sobretudo as que atravessam dificuldades, como as de Vitória e da Serra. Em conversas reservadas, lideranças políticas já especulam sobre o chororô de prefeitos batendo à porta do Palácio pedindo socorro em 2011.

É claro que Casagrande não vai ignorar aliados, mas a prevenção do novo governo é correta e na linha da gestão que termina. A austeridade fiscal foi importante para o Estado ter fôlego, acelerar e chegar até os atuais avanços. Mas é importante também saber a hora de se reduzir o ritmo, para evitar riscos futuros.

Cena política

Antes de começar uma entrevista coletiva na quinta-feira com a presença de vários líderes petistas, a deputada Iriny Lopes anunciou o vereador Alexandre Passos como ex-presidente da Câmara de Vitória. Um companheiro lembrou que ele ainda era presidente e alfinetou: "Ela mal virou ministra e já quer cassar o mandato do Alexandre!"

Início. A primeira reunião do novo secretariado estadual será na manhã do dia 3, no Palácio Anchieta. Em seguida, o governador Renato Casagrande dará posse à equipe.

Largada. Em entrevistas, o governador eleito diz que só tratará da eleição para a presidência da Assembleia Legislativa em janeiro, após a posse, mas aliados afirmam que ele já abriu o diálogo com os deputados.

Formato. Em fevereiro, após a eleição na Assembleia, Casagrande monta o segundo e o terceiro escalões com base também na nova configuração de partidos e de lideranças em posições da Casa.

Repercussão. Mal foi indicada para a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, a deputada Iriny Lopes (PT) começa a ser chamuscada na imprensa nacional. Ela apareceu numa reportagem de página inteira do jornal O Globo de sexta-feira ao lado de outros deputados escolhidos para o ministério. Segundo o texto, eles usaram verba da Câmara para pagar empresas que também atuaram em suas campanhas.

Pegou mal. Em meio a esse contratempo, Iriny recebeu os cumprimentos do deputado federal eleito César Colnago (PSDB) pela indicação para o ministério. O tucano escreveu no Twitter: "Nosso reconhecimento e saudações a Iriny Lopes pela indicação para ministra. Uma homenagem às mulheres capixabas".

Dúvida. Diante da posição de Colnago, resta perguntar: será que o tucanato gostou do elogio do novo líder da oposição no Estado?

Fonte: PRAÇA OITO, A GAZETA.

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